Ao contrário do
prometido anteriormente pelo presidente Barack Obama, viajar para os EUA mesmo
para passear vai ficar ainda mais difícil para algumas pessoas, principalmente
para quem fala o que quer na internet: o Departamento de Segurança Interna
aprovou uma nova proposta que autoriza os órgãos de imigração norte-americanos
a analisar a presença online de todos aqueles interessados em tirar visto para
entrar no país.
A ideia é
acrescentar um novo campo de entrada de dados no formulário de solicitação de
visto e/ou autorização para viagens a quem precisa, em que o solicitante deverá
fornecer os links de suas páginas sociais na internet. Embora tenha sido sinalizada
como “opcional”, a gente sabe o quão chatos de galocha os agentes de imigração
são com qualquer vírgula colocada fora de lugar ou uma gaguejada durante a
entrevista. Logo, quem não adicionar suas redes sociais (considerando que o
mesmo possua presença online) ou omitir alguma entrada relevante só estará
dando um excelente motivo para seu pedido de visto ser sumariamente rejeitado.
E como podem
notar abaixo, o Departamento de Segurança dos EUA deseja cobrir todas as pontas
possíveis.
A proposta visa
obviamente identificar potenciais terroristas tentando entrar em solo
norte-americano (na verdade é a oficialização de algo que já fazem por baixo
dos panos) e não deve afetar cidadãos de países que não necessitam do
visto, mas independente disso a novidade foi muito mal recebida por uma série
de organizações de defesa à liberdade, direitos civis e privacidade.
A American Civil Liberty Union já declarou com todas as letras que o
processo vai aumentar a inda mais a discriminação voltada a comunidades árabes
e muçulmanos (jura?), e mesmo pessoas com nomes e sobrenomes relacionados (o
que não faz muita diferença nesse caso).
Por outro lado,
há a preocupação legítima de que tendo posse dos endereços, o que pode ser
entendido como uma autorização de escrutínio o governos dos EUA passe não
só a fuçar nos conteúdos livres como tenha poder de exigir acesso a conteúdo
bloqueado (perfis trancados) junto às redes sociais, além de
coletar mensagens e contatos dos candidatos.
Não é essa a
primeira vez que o governo dos EUA tenta forçar a barra. A CISA, uma lei de
cibersegurança que não seria mais do que uma backdoor enfrentou
resistência de empresas como Apple, Dropbox, Google e várias outras. O
desejo do FBI de ter
acesso livre ao iOS e Android foi outra ação duramente criticada,
principalmente pelas autoridades ignorarem o princípio de presunção de
inocência. Da mesma forma, a Regra 41 que recentemente entrou em vigor dá
plenos poderes ao Bureau para invadir qualquer dispositivo
conectado cujo IP seja desconhecido.
De qualquer
forma, quem adora meter o pau nos EUA mas vai todo ano fazer compras em Miami
deve estar adorando essa nova medida. Thanks, Obama.
Fonte: Politico.